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segunda-feira, 27 de abril de 2009

"O Homem só evoluiu porque aprendeu a cozinhar"

Richard Wrangham, primatólogo e antropólogo, passou quatro décadas observando chimpanzés selvagens na África para descobrir se seu comportamento poderia nos dizer algo sobre os humanos pré-históricos. Wrangham, 60, nasceu na Grã-Bretanha e desde 1989 está em Harvard, onde é professor de antropologia biológica. Ele está prestes a publicar outro livro, "Catching Fire: How Cooking Made Us Human," (Pegando fogo: como cozinhar nos tornou humanos).

Ele foi entrevistado durante um almoço vegetariano no último encontro de inverno da Associação Americana para o Avanço da Ciência em Chicago e de novo posteriormente por telefone. A seguir, uma versão editada das duas conversas.

Em seu novo livro, você sugere que cozinhar facilitou nossa evolução de primatas para humanos. Até agora, os cientistas têm teorizado que a fabricação de instrumentos e a alimentação à base de carne prepararam as condições para a ascensão do homem. Por que você argumenta que cozinhar foi o fator principal?
Tudo que você mencionou levou à evolução de nossa espécie. No entanto, nosso cérebro maior e o formato de nossos corpos são o produto de uma dieta rica que foi apenas possível depois que começamos a cozinhar nossos próprios alimentos. Foi o ato de cozinhar que forneceu aos nossos corpos mais energia do que previamente obtínhamos enquanto animais consumidores de alimentos crus.

Acompanhei chimpanzés selvagens e estudei o que e como eles comem. Os chimpanzés modernos provavelmente consomem os mesmos tipos de alimentos que nossos primeiros ancestrais.

Na selva, eles têm sorte se encontrarem uma fruta tão deliciosa quanto uma framboesa. Com maior freqüência, eles encontram pedaços de frutas tão secas e de gosto tão forte quanto o fruto de rosas-silvestres, que eles mastigam durante uma hora inteira.

Os chimpanzés passam a maior parte do dia procurando e mastigando alimentos extremamente fibrosos. Sua dieta é muito insatisfatória para humanos. Mas depois que nossos ancestrais passaram a comer alimentos cozidos - aproximadamente há 1,8 milhão de anos - sua dieta se tornou mais leve, segura e muito mais nutritiva.

E foi isso que fomentou o desenvolvimento do corpo ereto e de um cérebro maior, que são associados aos humanos modernos. Nossos primeiros ancestrais tinham intestinos relativamente grandes e proporções primatas.

O homo erectus, nosso ancestral mais próximo, tem pernas longas e um corpo ereto e esguio. Na verdade, ele poderia entrar em uma loja da Quinta Avenida hoje e comprar um terno direto do cabide.

Nossos ancestrais foram capazes de evoluir porque cozinhavam alimentos mais ricos, saudáveis e que exigiam menos tempo de consumo.

Para cozinhar, é preciso fogo. Como os primeiros humanos conseguiam isso?
Os australopitecinos, predecessores de nossos ancestrais pré-humanos, viviam em savanas com planaltos secos. Eles freqüentemente poderiam encontrar incêndios naturais e o alimento melhorava com o fogo. Além disso, sabemos através de marcas de corte em ossos antigos que nosso ancestral distante Homo habilis comia carne.

Ele certamente fabricava martelos de pedra que podiam ser usados para amaciar a carne. Sabemos que ocorrem faíscas quando se martela uma pedra. É sensato imaginar que nossos ancestrais se alimentavam da comida aquecida por essas fogueiras que surgiam enquanto preparavam a carne.

Com fogueiras comunais, a atividade de cozinhar em grupo e uma dieta mais calórica, o mundo social de nossos ancestrais também mudou. Quando os indivíduos eram atraídos a um local específico que tinha fogo, eles passavam muito tempo juntos ao redor dele. Isso era claramente um sistema muito diferente da caminhada itinerante dos chimpanzés, que dormiam onde queriam e sempre podiam deixar um grupo se houvesse qualquer tipo de conflito social.

Fomos obrigados a olhar os outros nos olhos. Não podíamos reagir com impulsividade. Quando você está sentado ao redor da fogueira, é preciso suprimir emoções reativas que poderiam levar a um caos social. Ao redor da fogueira, fomos domados.

Seus críticos dizem que você tem uma boa teoria, mas nenhuma prova. Eles dizem que não há indícios de fogueiras há 1,8 milhão de anos. Como você responde a eles?
Sim, existem aqueles que dizem que precisamos de prova arqueológica de que fazíamos fogueiras há 1,8 milhão de anos. E sim, até agora, nenhuma foi encontrada. Existem indícios em Israel que mostram o controle do fogo há cerca de 800 mil anos. Adoraria ver sinais arqueológicos mais antigos. Em algum momento, conseguiremos isso.

Mas, por enquanto, temos indícios biológicos fortes. Nossos dentes e intestinos ficaram menores há 1,8 milhão de anos. Essa mudança só pode ser explicada pelo fato de nossos ancestrais terem passado a consumir alimentos mais nutritivos e macios. E isso só poderia ter acontecido se eles estivessem cozinhando. A dieta coletora que vemos em chimpanzés modernos não seria o suficiente para ocasionar essa mudança.

Fiquei sabendo que você já embarcou em uma dieta chimpanzé. Como foi?
Em 1972, quando estudava o comportamento de chimpanzés na Tanzânia, achei que seria interessante ver como eu sobreviveria com o que os chimpanzés comiam.

Perguntei a Jane Goodall, diretora do projeto, se poderia viver como um chimpanzé por um tempo. Ela disse que tudo bem. Queria que fosse bem natural e verdadeiramente fazer parte da mata, então acrescentei, "Gostaria de ficar pelado." Aí, ela bateu o pé: "Você vai usar pelo menos uma tanga!"

No final das contas, nunca realizei o experimento por completo. No entanto, houve épocas em que saía de manhã sem comer e tentava passar o dia me alimentando só do que encontrava. Ficava extremamente faminto.

O que você geralmente come?
Ah, comida industrializada ocidental comum. Não como um animal que não estou preparado para matar sozinho. Não como mamíferos há 30 anos, exceto em duas ocasiões nos anos 1990, quando comi um macaco cru que os chimpanzés haviam matado e deixado para trás.

Queria saber o gosto. O macaco colobo branco e preto é muito duro e desagradável. O vermelho é mais adocicado. Os chimpanzés preferem o último com razão.

Você comeu um macaco em nome da ciência?
Sim. Sinto que ao me colocar na pele de um chimpanzé, consigo uma percepção que não conseguiria de outra forma. Foi assim que comecei a entender o papel do ato de cozinhar.

Já que você acredita que os alimentos crus da pré-história deixariam uma pessoa moderna passando fome, isso significa que estamos adaptados aos alimentos que atualmente comemos - McDonald's, pizza?
Acho que estamos adaptados à nossa dieta. É o nosso estilo de vida que não está. Estamos adaptados uma vez que nossos corpos são feitos para maximizar a quantidade de energia que obtemos de nossos alimentos. Então somos bons em selecionar alimentos que produzem muita energia. No entanto, consumimos muito mais do que precisamos. Isso não é capacidade de se adaptar

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